Inteligência Artificial do ChatGPT e do Google para desvendar os mistérios da Escrita Sudlusitânica da I Idade do Ferro do Sul de Portugal (livro)
"A Escrita do Sudoeste ou Cónia: uma Escrita Pré-Romana a Sul da Lusitânia", Lisboa, MIL/ DG Edições, 2024, 296 pp.
ISBN: 978-989-35619-1-1
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Para encomendar: info@movimentolusofono.org
Depois de alguns anos de paragem voltei a trabalhar na tradução da escrita sudlusitânica (cónia) da I Idade do Ferro do Sul de Portugal.
Usando o ChatGPT como ponto de partida (ajustando posteriormente o código gerado) elaborei 20 programas em Python que cumpriram diversas missões: procura de padrões de ocorrências de grupos de caracteres presentes nas estelas do Sudoeste nas palavras das línguas-hipótese identificadas como mais prováveis de estarem relacionadas com a língua dos cónios. Outros programas contavam a ocorrências de grupos de caracteres procurando padrões que permitissem identificar a língua que estava grafada nestas estelas. Um destes programas convertia os números de caracteres (a atribuição de um número a cada caracter das estelas foi dado como forma de neutralizar qualquer possível associação apriorística da língua das estelas a uma das línguas-hipótese listada no livro).
Para aumentar a fiabilidade do produto destas aplicações foram carregadas num ficheiro de texto todas as estelas conhecidas que, somando-se as várias fontes, revelaram ser mais do que as "70" indicadas por alguns autores: na verdade, carregámos 134 estelas (embora algumas estejam totalmente ilegiveis). Aplicando o programa de conversão entre número do caracter e o valor atribuído foram feitas leituras como, por exemplo,
"Inscrição 6: rusk(e)ar??arshant(e)eshareshanam(o)k(e)ent(i)it(i)aast(a)a" ou
"Inscrição 95: iire?t(a)at(e)unshaneoom(o)oireuk(e)enii" ou ainda "Inscrição 133: sehuiuurk(e)eot(e)erem(o)neat(e)aeoreaala".
Um destes programas analisou a frequência de ocorrências de cada caracter, rnc pontrando padrões que apontaram para um conjunto de línguas como sendo as mais prováveis de serem próximas às das estelas dos cónios: tartéssico, tifinagh (uma língua berbere), lígure e o sardo antigo. A partir desta delimitação e usando as palavras previamente identificadas e carregadas numa tabela e recorrendo a um programa Python escrito (com correcções e adaptações) pelo ChatGPT foi encontradas aproximações em várias palavras presentes em várias estelas sudlusitânicas. As palavras das estelas foram de seguida carregadas para a IA do Google (Bard e Gemini) tendo esta IA apresentado traduções possíveis e prováveis para todas as estelas. De sublinhar que, várias vezes, foi encontado no Google Bard o conhecido fenómeno das "alucinações de IA" quando, frequentemente, surgiam estelas cónias de "Setúbal", com numeração e local de achamento que, simplesmente, não existia (conforme confirmação com o museu local).
A pesquisa e análise minuciosa das inscrições sudlusitânicas da I Idade do Ferro do Sul de Portugal revelaram ser uma jornada muito desafiadora, mas também profundamente gratificante. Ao retornar ao trabalho de tradução após um período de pausa de alguns anos, foi necessário empregar métodos inovadores, como a utilização do ChatGPT e a elaboração de programas em Python, para decifrar os padrões e identificar possíveis línguas associadas às inscrições. O processo envolveu a criação e ajuste de algoritmos para diferentes tarefas, desde a análise de padrões de caracteres até a contagem de ocorrências e a identificação de línguas prováveis. A integração de diversas fontes de dados, que resultou na identificação de mais de 134 estelas, contribuiu significativamente para a robustez das conclusões. A delimitação das línguas mais prováveis feita a partir de comparações de listas de palavras nas estelas com palavras de todas as línguas-hipótese submetidas ao ChatGPI indicou que as estelas cónias seriam, mais provavelmente, próximas de línguas como o tartéssico, o tifinagh, o lígure e o sardo antigo, o que proporcionou uma base sólida para a etapa subsequente de tradução e interpretação. A utilização de programas Python, aliada ao poder da inteligência artificial do Google, permitiu avanços significativos na compreensão e interpretação das palavras gravadas nas estelas. Este estudo exemplifica a importância da interdisciplinaridade e da combinação de métodos tradicionais com técnicas modernas para desvendar os mistérios da linguagem e da história antigas.